David Luiz deixou o Brasil muito cedo, ainda no anonimato. Antes de ir para a Europa, porém, o zagueiro titular da Seleção Brasileira na atual Copa do Mundo teve uma breve passagem por Belém, no Pará, quando tinha apenas 19 anos, não ostentava seus famosos cachos e estava longe do auge técnico. Em 2006, pelo Vitória, enfrentou a Tuna Luso na Série C do Brasileiro e saiu de campo derrotado, tanto pelo time paraense quanto pelas condições climáticas, nada agradáveis.
“Isso aqui tá um inferno”, reclamou David Luiz para o publicitário paraense João Paulo Azevedo, torcedor da Tuna que assistiu a partida colado no alambrado do Estádio Francisco Vasques, o Souza, na capital paraense. Como a praça esportiva não possui refletores, a partida teve que ser realizada num domingo às 10h da manhã, sob Sol escaldante.
– Em um determinado momento do jogo, quando a bola estava parada, ele encostou no alambrado, bem na minha frente, e disse: ‘Isso aqui está um inferno’. Realmente estava muito quente. Eu dei um saquinho de água para ele e para outro jogador do Vitória que estava do lado – relembrou o tunante.
Há muitos anos o clube paraense não figura entre as principais divisões do futebol brasileiro. E em 2006 também não era, nem de longe, um dos favoritos ao acesso, mas a Águia Guerreira – como a Tuna é conhecida no Pará – conseguiu vencer o rubro-negro baiano por 3 a 2, chegando a abrir três gols de vantagem no placar. O estádio estava quase com a sua lotação máxima (em torno de mil pagantes), e a torcida vibrou bastante com o feito cruzmaltino.
João Paulo é torcedor da Tuna e viu de perto a passagem do zagueiro David Luiz por Belém (Foto: Arquivo pessoal)
Muito novo e inexperiente, David Luiz ainda não mostrava a mesma qualidade e habilidade de hoje em dia, que o fazem ser o zagueiro mais bem pago do mundo com a recém-transferência para o milionário Paris Saint Germain, da França. Mas as boas subidas ao ataque já eram sua marca, e até participou do primeiro gol do Leão da Barra.
– Ele não era ninguém, era um jogador qualquer, nada demais. Não posso dizer que ele era ruim, seria muito leviano da minha parte, mas não se destacava no time. Assisti apenas esse jogo dele, até porque naquela época não existia transmissão de jogo da Série C pela TV. Eu não o conhecia e não me chamou a atenção naquele jogo contra a Tuna. Mas, de fato, todos os jogadores do Vitória sentiram muito o calor. Tinham um time muito melhor que a Tuna, tanto é que, em Salvador, golearam a gente – explicou João Paulo.
Ao fim do campeonato, o Vitória foi vice-campeão e garantiu o acesso para a Série B. A Tuna Luso terminou na 11ª colocação. Em 2006, a Terceirona era disputada por 64 equipes.
Ficha Técnica:
Tuna Luso 3 x 2 Vitória
Local: Estádio Francisco Vasques, em Belém-PA.
Árbitro: Lucas de Jesus Gomes Lindoso-MA.
Tuna Luso: Kléber; Sinésio, Preto Barcarena, Preto Marabá e João Pedro (Wilson); Adelson, João Luiz, Márcio Belém e Flamel; Silas (Beá) (Romeu) e Felipe Mamão.
Técnico: Carlos Lucena.
Vitória: Vitor; Itamar (Mendes), Jean e David Luiz; Apodi, Vanderson, Garrinchinha, Leandro Domingues e Xavier; Índio (Emerson) e Renaldo (Marcelo Moreno).
Técnico: José Ferreira.
Cartões amarelos: João Pedro, Adelson e Romeu (Tuna); Vitor, Garrinchinha e Renaldo (Vitória)
Gols: Felipe Mamão 30’/1ºT (pênalti) e 48’/1ºT (pênalti) (Tuna); Flamel 29'/2ºT (Tuna); Mendes 32’/2ºT e Marcelo Moreno 34’/2ºT (Vitória).
in Globo Esporte
Sem comentários:
Enviar um comentário