Enquanto os grandes tubarões se aproximam da costa para tentar as principais figuras do FC Porto, o Benfica tenta adivinhar se a cotação de David Luiz e Fábio Coentrão alguma vez será maior do que agora e o Sporting, a treze pontos do primeiro lugar, reflecte sobre os ordenados de Liedson e Polga: libertá-los para o Brasil será demasiado arriscado? A história, pelo menos a das últimas onze épocas, diz-nos que o Benfica será, provavelmente, o mais seduzido pelo mercado de Inverno, onde a regra, a haver uma, é a de que são os objectivos falhados o primeiro motor das vendas. Ou para recuperar investimento perdido, ou para libertar lastro que se julga estar a ameaçar a flutuabilidade do navio.
A explosiva época de 2004/05 é, de longe, a mais destacada. Em Janeiro de 2005, o FC Porto vendeu por números altíssimos - embora a transferência de Carlos Alberto nunca tenha sido esclarecida à CMVM -, dois jogadores importantes na anterior escalada até à vitória na Liga dos Campeões. Para além do preço, tanto um como outro tinham perdido importância na equipa: Carlos Alberto, herói de bolso no tempo de Mourinho, começara a ter os problemas disciplinares que mais tarde confirmaria em todos os clubes por onde passou; o quase trintão Derlei voltara a lesionar-se e a recuperação corria pior do que o esperado. Por outro lado, o valor da equipa, campeã europeia, estava nos píncaros: dificilmente voltariam a reunir-se condições para aquelas vendas. Para a tesouraria não poderia ter corrido melhor; para o campeonato, ninguém jamais saberá, mas as dificuldades agravaram-se nos dois primeiros meses do ano, o FC Porto perdeu o primeiro lugar e, no final, o campeonato.
Jogadores em alta nos dois campos - ou seja, na equipa e no mercado - que tenham sido vendidos em Janeiro, neste período de onze anos, há três: Fernando Meira, em 2002; Enakarhire, em 2006; e Ricardo Rocha, em 2007. Curiosamente, ou nem por isso, todos defesas-centrais, posição que alguns treinadores - e o mercado - têm o costume de considerar mais fácil de preencher, o que talvez seja mais um indício a favor da saída de David Luiz do Benfica, até porque, nele, se associam as duas características: a cotação em alta, favorecida pelo estatuto de internacional, e a queda de popularidade entre os adeptos, justificada por alguns maus desempenhos em jogos-chave do campeão português. O juízo que for feito a respeito da distância para o FC Porto - será ainda recuperável? - dita se se concretiza ou não o terceiro critério para as vendas de Inverno: o Benfica falhou os objectivos para este ano?
Fonte: OJogo
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