Tudo simples e resolvido a tempo e horas como acontecia na última temporada com o campeão nacional. Nem mesmo os pequenos ataques de amnésia (não foram muitos, é verdade) tiram brilho ao triunfo consistente do Benfica diante do Rio Ave, este sim, uma surpresa pela negativa e que deu menos trabalho do que na época passada, quando visitou a Luz para o jogo do título dos encarnados.
A alta rotação imprimida pela equipa de Jesus desde os primeiros instantes do jogo - aos 8' já vencia por 2-0 - deixou o adversário de rastos e baralhado, sem saber ao certo qual o antídoto para travar os anfitriões. O Benfica utilizou as armas do passado e, assim, tudo se torna mais fácil para os encarnados. Pressionou no meio-campo contrário, utilizou velocidade nas transições, ganhou as segundas bolas, empurrou o adversário para a sua área. Em determinados momentos, foi mesmo um rolo compressor, não deixando a equipa de Carlos Brito respirar. Afinal, esta águia também consegue ter nota artística e atingir o nível da última temporada em que fez o seu percurso na liga com vários goleadas. Era a imagem de marca da equipa, que esta época só a espaços vai aparecendo.
Numa tarde em que tudo lhe correu de feição, Jorge Jesus ganhou também mais um jogador: Salvio. O argentino mostrou que pode ser uma arma muito interessante para a segunda volta do campeonato. Dois golos, uma assistência e uma bola na trave revelaram outra faceta do extremo, que andava escondida não se sabe bem por onde e agora começa a desabrochar... Encostado ao lado direito, derrotou Tiago Pinto e Tarantini, chegando quase sempre primeiro à bola do que os adversários. O pé quente de Salvio contagiou toda a equipa e foi vê-los, Aimar, Saviola, García e companhia, a procurar insistentemente o ex-Atlético de Madrid para que este esburacasse a defesa contrária e abrisse caminho para os golos. Salvio actuou no lugar que estaria destinado a Carlos Martins e cumpriu na perfeição. Tão perfeito, que fica a sensação de que o reforço de que Jesus tanto quer está dentro do plantel. O tempo o dirá...
Também no eixo da defesa, Sidnei tinha mais uma prova de fogo, a sua grande oportunidade de provar que tem andamento para continuar na Luz e ficou-se por um assim... assim. Afinal, como tantas vezes acontece com o jovem que custou 7 milhões de euros ao Benfica. O brasileiro até começou bem, mas foi perdendo a concentração aos poucos. Ainda não terá sido desta vez que convenceu totalmente Jorge Jesus. Valeu o acerto no ataque para esconder essa pequena insuficiência defensiva.
A tarde foi dos argentinos, cinco golos com a sua marca, mas também de Jesus, que voltou a pular no banco, ora corrigindo o pocisionamento dos seus atletas, ora dando corda à equipa para que esta se instalasse no meio-campo contrário. Nunca houve uma tentativa de gerir a vantagem e essa atitude valeu um jogo tranquilo e o regresso do futebol alegre. Para gáudio dos adeptos, até Nuno Gomes, que não jogava desde a partida com a Naval em que marcara um golo, entrou na parte final rendendo Saviola.
Quem não se deu bem com os ares da Luz foi o Rio Ave, que assim interrompeu a sua série de cinco jogos sem perder. Carlos Brito talvez não contasse com um Benfica tão pressionante desde o primeiro minuto e, depois, mesmo com as alterações introduzidas na segunda parte, nunca foi capaz de acompanhar o andamento. Bruno Gama, Mendes e João Tomás fizeram pela vida, bateram-se bem diante das torres da Luz, ainda deram algum alento à equipa fabricando o 2-1, mas, contas finais, foi muito pouco para uma águia tão certeira. O técnico não foi capaz de encontrar uma solução para parar Salvio, facilitando também a tarefa do seu homólogo, Jorge Jesus.
Fonte: OJogo