terça-feira, 27 de março de 2012

Amizade à primeira vista

O apartamento dele é suntuoso. Quase mil metros quadrados, de frente para o rio Tâmisa. O prédio parece um navio e o comandante deste barco é um gente boa nato. Nunca havia me encontrado com o zagueiro David Luiz até tocar a campainha da casa dele, bem na hora do almoço. E não foi golpe, não. Na correria, entre uma reportagem e outra, estamos acostumados a só parar pra comer às 17h.

Seria assim naquele dia, não fosse a gentileza do David, que nos esperava para almoçar e com um cardápio especial - escondidinho de carne, picanha recheada, arroz, feijão, farofa... Hum... Foi nosso primeiro legítimo almoço brasileiro depois de um mês em Londres.As ajudantes dele estavam tímidas, não queriam aparecer na reportagem, mas acabaram contando alguns segredos do craque. Antes de jogos importantes, não pode faltar feijão. Mas agora tem que ser com muito caldo, porque o zagueiro está usando aparelho nos dentes. Não consegue mastigar tudo.
O sorriso de David já é bonito. Mas ele quer dar uma melhoradinha. Sim, o jogador é vaidoso. Não do tipo que tem um monte de cosméticos no banheiro. Mas ele disse que passa um creminho para os famosos cachos. O estilão do cabelo lembra o do jogador de basquete, Anderson Varejão. Os dois não se conhecem, mas frequentemente são comparados. É que os cachos também se tornaram a marca registrada de David Luiz. Em dias de jogos importantes do Chelsea, os torcedores usam uma peruca a la David e fazem a festa no estádio.
Zagueiro, com popularidade de atacante. Amado no Chelsea e agora assediado pelo Barcelona. David não deu dicas se a negociação com o time espanhol pode avançar, mas relembrou os momentos difíceis que passou pra chegar até aqui. O jogador saiu de casa aos 14 anos de idade, foi demitido do São Paulo, passou maus pedaços no América de Minas, dividindo um alojamento com mais de 20 garotos. Chegava a mentir pra mãe, dizendo que estava bem, mesmo quando já não aguentava mais.
A saída foi implorar para jogar no Vitória da Bahia, até que veio o convite do Benfica de Portugal. Era o começo da consagração. De lá pra cá, vieram a fama, o dinheiro e o que ele mais queria: reconhecimento. David diz que muitos não acreditaram que ele tinha um bom futebol pra mostrar. Mas ele sempre acreditou. E conseguiu chegar onde poucos chegam. Sem jamais se deslumbrar. O zagueiro diz que é imensamente grato, por tudo que recebeu da vida. E repete, com frequência: "eu não sou famoso, eu estou. Eu não sou o David Luiz, eu estou".
É por isso que ele recebe uma equipe de TV do Brasil de braços abertos e mesa posta. Tem um jeito leve, bem humorado e, brincando, nos deixou muito à vontade. David realmente nos fez sentir em casa. A reportagem terminou, a prosa seguiu. Saímos de lá depois do entardecer e com um presente para o fãs do Esporte Fantástico - a camisa do Brasil que ele usou numa partida.



Fonte: R7

Sem comentários:

Enviar um comentário