terça-feira, 9 de novembro de 2010

Jogadores estão cada vez mais distantes do treinador

David Luiz jogou contra vontade como defesa-esquerdo e Saviola revoltado por ter sido suplente no Dragão. Tensão aumenta

A relação entre Jorge Jesus e os mais influentes dos jogadores do Benfica está a deteriorar-se de dia para dia, uma situação, sabe o DN, com origem já na temporada passada, mas que os bons resultados e o título de campeão foram camuflando. Só que no início desta época as relações começaram a degradar-se de forma galopante, tendo tido o ponto máximo no jogo de domingo do Dragão, que culminou com um expressivo 5-0.
Fonte próxima do plantel benfiquista revelou ao DN que David Luiz não gostou de ser desviado para defesa-esquerdo no jogo com o clássico, tendo apesar disso aceite as indicações do treinador ainda que não concordasse com elas. A mesma atitude teve Javier Saviola, que revelou a pessoas que lhe são próximas a sua não compreensão por ter ficado no banco de suplentes num jogo tão importante.
O mal-estar entre jogadores e treinador tem origem naquilo que dizem ser um problema de relacionamento de Jorge Jesus, bem expresso na forma como procurou livrar-se das responsabilidades da goleada após o jogo, não admitindo ter errado na estratégia que montou para o clássico. Esse facto, aliado àquilo que consideram falta de humildade do treinador, tem desagradado aos atletas.
Na SAD é conhecida esta animosidade, sendo que os futebolistas até têm a compreensão de alguns administradores. Se os pequenos focos de conflito na época passada já preocupavam, sobretudo porque tinham origem em Pablo Aimar e Saviola, dois dos jogadores mais importantes do grupo, este ano o sinal de alarme foi dado em vésperas do jogo da Supertaça com o FC Porto, quando uma discussão num treino entre Jorge Jesus e Javi García, atirou com o espanhol para o banco de suplentes.
A juntar a isso há o facto de os atletas não terem gostado de o prémio pela conquista do campeonato ter sido pago em primeiro lugar ao treinador... De um momento para o outro, a contestação generalizou-se com os futebolistas brasileiros, liderados por Luisão, a manifestarem também o seu descontentamento em relação ao treinador.
O facto de as sessões de trabalho serem à porta fechada têm ajudado a esconder algumas coisas, mas a verdade é que nos últimos jogos têm sido notórias reacções de jogadores que indiciam a instabilidade que se vive no grupo. Um dos sinais foi dado no Estádio do Algarve, diante do Portimonense, quando Saviola foi surpreendido com a substituição aos 65 minutos, numa altura em que até estava a ser um dos jogadores mais perigosos. O argentino correu para o balneário e nem olhou para o treinador, quando o normal é que os atletas substituídos se sentem no banco.
Na viagem de regresso a Lisboa, após a goleada no Dragão, a tensão no autocarro era grande, mas só os próximos dias servirão para avaliar as verdadeiras consequências da humilhação no clássico. O primeiro teste a isto mesmo é a digressão a Angola, onde o Benfica irá defrontar a selecção local nas comemorações do 35.ª aniversário da independência daquele país. Viagem que está a gerar polémica interna, entre os jogadores mas também entre os dirigentes.

Fonte: Diário de Notícias

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