Aqui há uns anos, não tantos assim, os selecionadores brasileiros quase não reconheciam o futebol português como palco de afirmação ou crescimento dos seus melhores jogadores. Foi assim, por exemplo, que Deco se tornou campeão europeu de clubes e num dos melhores ativos da seleção... portuguesa, ou que Liedson, nos seus tempos áureos, nunca foi sequer chamado para um jogo de preparação da equipa nacional do seu país.
Mais ou menos por altura da chegada de Luisão ao Benfica, esse "desprezo" dos brasileiros pelo futebol português foi-se desanuviando e hoje casos como os de Helton, Hulk, David Luiz e do próprio Luisão, sejam protagonistas de chamadas ocasionais ou recorrentes, vão-se multiplicando, apesar do poder económico do futebol europeu se concentrar em Inglaterra, na Alemanha, na Itália, em França, em Espanha ou na Rússia.
Ramires, hoje no Chelsea, pode mesmo ser apontado como um futebolista que, sendo já cotado quando veio para o Benfica, aqui evoluiu significativamente, ao ponto de ter chamado a atenção do clube londrino e de se estar a transformar num jogador-referência do selecionado canarinho.
O futebol português é pobre e mais pobre ficará no final desta crise global, desta hora da verdade, mas poderemos dar-nos por felizes se, ao contrário do país, que vai de mal a pior, conseguirmos preservar a nossa qualidade futebolística, mantendo nesta pequena montra europeia que somos alguns dos grandes praticantes brasileiros.
E isso não acontecerá rezando, mas fazendo aquilo que resta aos que de nada mais são capazes: puxando pela cabecinha e trabalhando, ora aí está.
Por Alex Pais
Fonte: Record
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