Estou aqui na piscina do hotel Four Seasons, em Miami, quando me deparo com um moço muito parecido com o Anderson Varejão.
Bom, eu sabia que o time do Chelsea estava hospedado e mesmo com a minha miopia avançada sabia que era o o brasileiro David Luiz. Me aproximei enquanto ele trocava uma ideia com Lucas, outro brasileiro do Chelsea.
Com o time inglês concentrado para o amistoso de amanhã, no Sun Life Stadium contra o Milan, tive o prazer de ficar umas duas horas com os dois.
Logo percebi que David é fã de beisebol. "Os caras colocam um efeito na bola quando lançam, é muito legal. Na Inglaterra o pessoal gosta de cricket." Lucas admitiu que não entende nada de beisebol, mas acompanha um pouco a bola oval. Ele até me perguntou se eu sou o cara que fala "Temos um jogo" durante as transmissões. O momento foi divertido.
Os dois recentemente viajaram para Seattle e Philadelphia e treinaram nos CTs dos Seahawks e Eagles. "Os caras são muito grandes." disse David, impressionado com o tamanho dos atletas dos Seahawks e Eagles. Os Seahawks jogam em uma superfície de grama sintética, que segundo Lucas e David, castiga o atleta. "Aquela superfície fica tão quente (quando faz sol) que queima o pé. Quando o material esquenta e você cai, sai todo ralado," contou David.
Lucas revelou que já jogou na "grama de mentira" e saiu com muitas bolas. Os dois ficaram impressionados com a capacidade dos jogadores da NFL de conseguirem atuar nessa superfície.
Falamos também sobre o futebol, e uma revelação de David me deixou de boca aberta. O zagueiro falou que participou da final da UEFA Champions League com um estiramento de três centímetros na parte posterior da coxa. "Joguei mais parado, me concentrando mais no posicionamento naquela final."
Além disso, ele disse que o músculo não está recuperado e que aprendeu a jogar assim, no sacrifício. Perguntei se recebeu alguma injeção de cortisona para poder ir ao jogo, e ele simplesmente apontou para o céu, demonstrando sua fé.
David também abriu o jogo ao falar que nunca tinha se preparado tanto para um adversário como se preparou para encarar o atacante do Bayern de Munique Mario Gomez. "Foram sete horas de vídeos, só do Mario Gomez. Nunca me preparei tanto."
O assunto do Mundial Interclubes também surgiu com David brincando que eu nem precisava comprar minha passagem para Tóquio, pois o Corinthians ia perder. O jogo é importante, mas o brasileiro não desmente que os clubes sul-americanos dão mais importância ao torneio do que os europeus. "O jogo acontece no meio da nossa temporada."
O zagueirão pediu cautela para quem já está carimbando o passaporte de Corinthians e Chelsea para a grande final. "Já viu os Africanos? Os caras correm muito. Não é nenhuma garantia, nem para o Corinthians nem o Chelsea."
Muitos disseram que o Chelsea praticou o "antifutebol" ao vencer o Barcelona e, consequentemente, o Bayern na UEFA Champions League. Isso não incomoda David. "Cada jogo você tem que fazer o necessário para ganhar. Como que vamos atacar sem a bola? Os caras estão nos atacando e nós vamos mandar todo mundo para o ataque? Não tem como."
Enfim, o papo com essas duas feras rendeu e bastante. Ao se despedir, David falou que vai procurar ver um pouco dos esportes americanos quando voltar quando voltar ao Brasil. Até perguntei que se não interessaria se tornar kicker depois de sua carreira com jogador de futebol. "Quando eu parar, vai ser para valer e ficar um pouco mais perto da família."
Fonte: ESPN Estadão
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