“Vamos logo, David”. A frase do diretor de comunicação Rodrigo Paiva já é comum na saída dos estádios. São raras as vezes em que o zagueiro não é o último a entrar no ônibus por causa das entrevistas: responde até a última pergunta.
David Luiz quase foi vilão na quarta-feira. Fez um pênalti, no qual ele admite seu erro, “corrigido” por Julio Cesar. Acertando ou errando, o zagueiro tem uma missão na Seleção: virar ídolo e ser um exemplo a ser seguido pelas crianças. O já experiente atleta do Chelsea (ING) mostra isso com gestos: não recusa uma foto ou autógrafo e faz questão de procurar os fãs sempre que tem uma oportunidade, nos deslocamentos da Seleção. Conversa com elas, dá conselhos, sempre com um sorriso.
– Tenho uma grande chance de ser um exemplo. Somos espelhos para muita gente. Por que não ensinar coisas positivas? – afirmou David, questionado pelo L!Net.
Paulista de Diadema, David Luiz, de 26 anos, diz que deve a boa educação aos pais Ladislau e Regina Célia, professores. Incentivado a praticar esportes desde a infância, ele procura fazer o mesmo com quem sonha em ser um jogador como ele.
– Sei que a gente é escutado. Tem criança que não ouve o pai, mas ouve os ídolos – comentou o zagueiro.
Com mais de um milhão se seguidores no Twitter e mais de 400 mil no Instagram, ele usa as redes sociais para mandar mensagens positivas. Foi o primeiro a apoiar a onda de protestos pacíficos no Brasil. Fluente em inglês e espanhol, mostra seu amor pelo país, que deixou em 2007 para jogar no Benfica (POR). David passou pelas categorias de base do São Paulo, chegou ao profissional no Vitória e só ficou famoso na Europa.
– Sou abençoado, tenho a melhor profissão do mundo. Mas também uma chance de ser o diferencial na sociedade – afirmou o zagueiro.
Na quarta, os pais de David deram um ingresso a uma torcedora de 21 anos que fazia plantão na porta do hotel, fã do zagueiro. E a levaram ao Mineirão. David só ficou sabendo do fato ao deixar o estádio, de noite.
– Minha família trata todo mundo igual, eu admiro meus pais por isso. Não sou melhor do que ninguém, só tenho a chance de viver um sonho que muitos gostariam – comentou.
Fã também de matemática, David pensa em cursar administração de empresas no futuro. Antes, seguirá seu sonho, com a primeira grande final pela Seleção, amanhã, no Rio.
A taça ele pretende oferecer às crianças que sonham em vencer na profissão. Com respeito e muita luta. Esas são as marcas de David Luiz.
Bom humor é marca
As entrevistas de David Luiz costumam arrancar risos do jornalistas. Ao contar que algumas reações das crianças o deixam sem graça, a reportagem do L!Net pediu um exemplo ao zagueiro.
– A criançada tem pureza. Eles falam até coisas que me deixam sem graça, mas são verdadeiras. Do tipo: “Oi, tudo bem? Valeu pela foto, mas não gosto de você, gosto de outro jogador” É hilariante, acho maravilhoso. Isso me faz feliz – comentou o zagueiro da Seleção.
David é bem humorado, mas não deixa de retrucar, com educação, quando acha que uma pergunta é mal feita. Na quarta, ouviu de uma jornalista que a zaga foi muito exigida e não fez um bom jogo.
– Mas exigiu muito da gente, ou a gente não estava bem? Qual é a sua opinião? – perguntou David, sem vergonha de admitir a sua falha no pênalti que Julio Cesar defendeu a cobrança de Forlán.
– Foi um erro meu, um pênalti. Dei a chance para eles marcarem, graças à qualidade do Julio Cesar não tomamos o gol. É um grupo que está sabendo sofrer, está aprendendo, está crescendo – afirmou.
Neste domingo, contra a Espanha, ele espera não falhar de novo.
Bate-Bola: David LuizZagueiro da Seleção Brasileira
Chegar a uma final pela Seleção era seu grande sonho de infância?
Vinha machucado para a semifinal, fui para campo com dor, mas era uma grande chance de jogar pela Seleção. Não tem dor maior do que o sonho. Um dia sonhei em jogar na Seleção, depois em uma competição, agora a final, no Maracanã. Tem melhor sonho do que esse? Só falta acabar em final feliz.
Voltaram agora onde tudo começou, há um mês, no Rio.
Voltamos, em uma final. Estamos muito felizes por ter essa oportunidade, passamos por um jogo muito difícil, um adversário manhoso. É um sonho para todos nós. Temos a chance de jogar num estádio histórico. Todos foram garotos, sonharam em ter essa chance.
Em que nível está a evolução da Seleção pensando em 2014?
A gente não ganhou nada. A gente está amadurecendo como equipe, ganhando uma identidade. A Seleção está sabendo gerir resultados, correr atrás. É uma equipe que está sabendo ser inteligente. Tenho certeza que estamos crescendo a cada jogo, isso nos dá alegria muito grande. É um grupo humilde, que quer crescer, vencer.
in O Povo