Mais extrovertido da dupla, David Luiz praticamente monopolizou os microfones e de cara já brincou com o nervosismo do amigo, que não entrou em campo por estar suspenso e ficou roendo as unhas como torcedor.
- Ele estava branco no intervalo (risos).
Dupla brasileira ajuda o Chelsea a chegar ao topo da Europa |
A brincadeira foi respondida com uma gargalhada pelo camisa 7, que foi substituído pelo jovem Bertrand. Conforme já tinha revelado ao GLOBOESPORTE.COM na véspera do confronto, Ramires não é dos mais calmos quando a missão é torcer. E o prognóstico de nervosismo se confirmou durante a partida em Munique.
-Eu não sabia se chorava, se sorria, se suava. Não sei nem o que estava acontecendo. Quando os caras fizeram o gol, não deixei de acreditar. E quando o Didier fez o gol eu pensei: “Vamos levar isso aí”. Na hora do pênalti (perdido por Robben, na prorrogação), eu nem olhei. Me encolhi todo, botei a mão no rosto e esperei a reação da torcida. Quando ouvi que o som vinha do lado do Chelsea, olhei e o Petr estava com a bola na mão. Dei soco na placa, gritei. É horrível ficar fora.
Amigos desde os tempos de Benfica, Ramires e David Luiz já tinham conquistado juntos também o Campeonato Português e a Copa da Inglaterra. De Lisboa a Londres, a relação ficou ainda mais forte e ultrapassou os limites do campo, tanto que o volante não se privou de reforçar o peso da amizade.
- Eu o amo. Mas minha mulher não pode ler isso, senão fica brava (risos).
- Fica mesmo (gargalhadas) – respondeu David, mas Ramires completou.
- Nossa amizade é forte. Não é porque estou do lado dele. Somos irmãos mesmo. Aqui no Chelsea essa relação se fortaleceu muito. Um aconselha o outro. Estamos muito felizes.
'Gol do título'
Lisonjeado com as palavras do amigo, David Luiz lembrou a importância de Ramires para que o Chelsea conquistasse na Alemanha o título inédito.
- O gol contra o Barcelona foi o mais importante. Foi fantástico e em um momento de superação, como toda campanha. Depois do jogo contra o Napoli, todo mundo dava o Chelsea como morto.
Em resposta, Ramires elogiou também a frieza do zagueiro ao cobrar a segunda penalidade dos ingleses, quando Mata já havia desperdiçado a primeira e o Bayern tinha vantagem de 2 a 0 no placar. Acostumado a acompanhar David nos treinamentos, o camisa 7 revelou ainda uma curiosidade da cobrança.
- Se ele perde o pênalti também, ia ficar complicado. Mas eu já sabia. Quando ele foi para bola, eu já sabia. Se bem que ele trocou o lado...
- O goleiro também sabia (risos) Tanto que pulou lá. Por isso, eu mudei o lado – explicou David.
Um dos líderes do elenco do Chelsea, o camisa 4 demonstrou extrema confiança ao deslocar Neuer e correr na direção dos fanáticos torcedores bávaros, que estavam atrás do gol. David falou sobre os minutos que antecederam a cobrança.
- Estava muito confiante. Depois da prorrogação, só pedi tranquilidade. Nos cinco minutos antes da cobrança, eu andei pelo gramado e lembrei de tudo que passei para chegar até aqui. Da infância, do jogo, que com 20 minutos eu senti uma dorzinha e todo mundo ficou preocupado... Fui lembrando tudo e pensei: “Poxa, é só um pênalti. Vai lá e faz”. Já a comemoração não foi para desrespeitar. Foi mais na emoção. Eles estavam ali, vibrando, tentando fazer com que errássemos com vaias. Cada um torceu por seu time. Aquilo foi para mostrar que o Chelsea não estava morto.
Motivação e superação
Além de marcar sua penalidade, David teve papel importante como motivador na disputa. Assim que Juan Mata parou em Neuer na abertura da série, o brasileiro se virou para os companheiros com palavras incentivo e dedo em riste, para depois ir buscar o espanhol na intermediária e levantar sua cabeça com as próprias mãos.
David e Ramires em campo após o jogo com Lampard |
- Falei para o Mata que acreditasse, que ele não deixava de ser um grande jogador e que não íamos perder só porque ele não marcou no primeiro pênalti. Tinha quatro de cada time para cobrar ainda. Depois, eu fui, bati o segundo pênalti, consegui fazer, e fiquei todo o tempo atrás do Mata dando força. No último eu falei: “Vai ser na trave”. Até agora ele não acredita que eu falei isso (risos). Quando as coisas têm que acontecer, acontecem. E foi assim. Tudo aconteceu de uma forma muito bonita, com superação.
David Luiz era um dos mais animados após a
disputa de pênalti
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Superação como a do próprio brasileiro para entrar em campo. Sem jogar há 35 dias por conta de uma lesão na coxa, David teve a escalação confirmada somente três dias antes da decisão e confessou que não entrou em campo em plenas condições.
- Entrei em campo sem condições reais de jogo. Não estava 100%. Mas lutei pelo Chelsea, pela minha família, pelos brasileiros e pelo Ramires. Já tinha falado que tinha que dar isso para ele. Agora, conseguimos nosso objetivo e tudo isso é muito gratificante. Na véspera, eu senti uma dor em um chute com o Ramires no treino. Todos pensaram que não ia dar, mas graças a Deus pude ajudar o time. Tive que jogar de uma outra forma, mais inteligente, mais parado, mas foi positivo.
Com a conquista, David Luiz e Ramires se juntaram a outros 42 brasileiros que já conquistaram o troféu mais importante de clubes da Europa.
Fonte: Globo Esporte
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