Os mineiros Ladislau e Regina têm em David Luiz todos os motivos para sentir orgulho e admiração. Pais do zagueiro do Chelsea e da Seleção Brasileira, eles acompanharam com o sentimento de proteção próprio de quem cuida a trajetória do menino que perseguiu o sonho de ser jogador de futebol.
David Luiz conseguiu. Foi além do que imaginava. Do garoto que chegou sozinho a Salvador, aos 14 anos, para a escolinha do Vitória, até ser ídolo do Chelsea e titular da Seleção Brasileira, ele fez e passou por todos os sacrifícios possíveis.
- Ele conseguiu, mas para chegar ao que é hoje, comeu muita grama. Por isso ele merece. Mais do que um jogador talentoso, um bom profissional, é um grande ser humano, uma pessoa de coração aberto, uma pessoa solidária.
As palavras são carregadas do orgulho que Regina sente em ser mãe do "Paulistinha", como David era chamado na infância. Professora aposentada, assim como o marido Ladislau, ela conta que as dificuldades de uma profissão que deveria ser motivo de respeito e boa remuneração foram os obstáculos a mais que o filho teve de superar.
- Tínhamos dificuldade até para comprar chuteiras para ele. Com 14 anos, o David foi tentar a sorte no Vitória. Só nos pediu uma coisa, que comprássemos uma passagem de avião, por causa da distância, o que fizemos em prestação, para ele viajar para Salvador.
Por conta da prestação da passagem aérea, Ladislau e Regina ficaram uma ano e meio sem ver David. Natal, aniversário, tudo neste período foi dividido – e comemorado - pelo telefone.
- A gente ligava do orelhão, para uma casa vizinha, e aí iam chamar o "Paulistinha", como era conhecido. Foi um período difícil, de muita saudade, mas confiávamos na formação e na estrutura familiar que ele levara.
O encontro de pais e filhos só aconteceu, por isso mesmo, um ano e meio depois.
- Quando acabamos de pagar a passagem dele, compramos as nossas. Aí fomos encontrá-lo em Salvador - conta a mãe.
Regina foi professora do ensino fundamental; Ladislau, de curso técnico no Senai. Mas o pai foi também professor de David na “cátedra" futebol. Ele conta que desde menino percebia que David levava jeito para a coisa, tinha o dom natural.
Como jogador amador que foi no passado, meia habilidoso no Flamengo de Cataguazes e no Sete de Setembro de Diadema, em São Paulo, Ladislau aproveitou para aperfeiçoar o filho nos fundamentos.
- No futebol, o mais importante, lógico, é o talento. Tem que possuir o dom. Mas os fundamentos podem ser ensinados, treinados, o jogador pode se aprimorar.
Ladislau e Regina acompanham os jogos do filho. Vieram hoje de Juiz de Fora, onde moram, para recebê-lo no Rio de Janeiro, voltaram para casa, mas domingo estarão no Maracanã. Como primeiro técnico de David, ele aponta quais são as suas melhores qualidades.
- A garra, a força de vontade, que ele combina muito bem com a técnica. Ele pode jogar do mesmo jeito como zagueiro assim como em qualquer posição do meio-campo.
David Luiz, recebido com abraços, não precisa falar muito dos pais para demonstrar o quanto eles são importantes na sua vida - os gestos expressam melhor todo o carinho que tem por eles. Frequentemente, tem a companhia de Ladislau e Regina em Londres, gosta de tê-los por perto.
- Gosto de ir a Londres passear. Morar, não. Às vezes fico dois meses, e quando arrumo as malas para ir embora, ele já me pergunta quando vou voltar - conta Regina.
- David Luiz, o seu pai jogou mesmo bola? Foi bom jogador?
- Até hoje! Ele é craque, o melhor nas peladas.
in Confederação Brasileira de Futebol
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