Se alguém te disser que David Luiz tem 1,89m, não acredite. É mentira! Essa não pode ser a altura de um gigante. Daqui a alguns dias, ele pode até voltar ao tamanho natural, mas enquanto a Vitória (assim, com V maiúsculo) por 3 a 0 sobre a Espanha estiver fervendo na memória dos brasileiros, o zagueiro será considerado muito maior. Algo comparável, talvez, ao tamanho do Maracanã, palco da sua consagração.
David Luiz deixou cedo o Brasil. Tinha apenas 20 anos quando mudou para Europa. Mas ele não perdeu sua brasilidade. Pelo contrário. Cada ano fora, entre Portugal e Inglaterra, parece ter aumentado o seu patriotismo. Quem observou a maneira como o zagueiro entoou o hino nacional neste domingo sabe disso. As palavras saíam de sua boca com raiva, daquelas necessárias para aumentar a garra.
- Foi fundamental a gente saber que é brasileiro. Nosso país merece que os 11 que estão em campo, além dos reservas, deem tudo. Esse país ama futebol. Você nasce aqui e quer jogar futebol. A gente entendeu o que tinha de fazer, de demonstrar em campo e se uniu. A gente é muito consciente que temos uma caminhada para ganhar a Copa do Mundo. A gente tem muita paixão por aquilo que faz - disse David Luiz após o jogo contra a Espanha.
A garra, aliás, foi responsável por consagrar David Luiz diante do povo brasileiro. Desconhecido quando convocado pela primeira vez, em julho de 2010, o zagueiro virou o xodó de mais de 73 mil pessoas no Maracanã. E por que não dizer de milhões e milhões de torcedores da Seleção que vibraram no mundo inteiro, como se fosse um gol, quando ele arrancou com o pé direito o grito de gol ensaiado pelos espanhóis.
O minuto 40 do primeiro tempo da final da Copa das Confederações deveria entrar na ficha técnica. Fernando Torres tinha lançado Juan Mata, que deixou Pedro na cara do gol, justamente porque David Luiz dava condição. Mas o zagueiro se recuperou e, quando a bola já tinha passado do goleiro Julio César, apareceu para evitar o gol de empate dos espanhóis, que ainda perdiam “só” por 1 a 0.
David Luiz, então, foi presenteado com algo que ele talvez não imaginasse que poderia acontecer: o Maracanã inteiro gritou seu nome. Na mesma proporção que gritaria minutos depois o nome do craque Neymar, autor do segundo gol brasileiro. Estava cumprida uma das missões bradadas pelo jogador do Chelsea durante a competição: fazer o povo brasileiro mais feliz, sorridente.
Não à toa o zagueiro foi comemorar o segundo gol do Brasil, o mais próximo do seu lance histórico, com os roupeiros, massagistas... Na volta, um abraço forte no amigo Julio César, companheiro de Londres (os dois jogam em clubes da cidade inglesa), e um grito de guerreiro, com olhar fixo para a arquibancada do Maracanã, que ele viu apenas pela segunda vez na carreira, mas que certamente será o mais lembrado por muito e muito tempo.
Seria injusto, no entanto, resumir a consagração de David Luiz com a camisa da seleção brasileira apenas a essa jogo contra a poderosa Espanha. O zagueiro construiu jogo a jogo nesta Copa das Confederações uma imagem que faltava ao time de futebol do Brasil. Aquela do jogador que dá o sangue, que não tem medo de dividir e que jogar até com o nariz quebrado.
É isso mesmo! David Luiz quebrou o nariz durante a vitória por 2 a 0 sobre o México, em Fortaleza. Mas quis continuar em campo. Questionado se seria desfalque contra a Itália, ele negou. Foi a campo. Mas se machucou e saiu ainda no primeiro tempo. Do banco, com gelo na coxa, vibrou com os companheiros e se poupou para a guerra contra o Uruguai. E melhor: para o baile diante da Espanha. E, agora, com cirurgia marcada para a próxima quarta-feira ele explicou como superou a adversidade:
- Fiz isso tudo por entender o privilégio que eu tenho de vestir a camisa da seleção. O que eu tiver que fazer, eu vou fazer pelo meu povo - afirmou o zagueiro.
in Globo Esportes
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